Mulherada, não deixem de ler.
Algemas?...
Doutor,
cadeia foi feita para homem, disse uma prisioneira no dia em que cheguei à
Penitenciária Feminina há quatro anos.
De
fato, as leis que regem a conduta nas prisões femininas são muito diferentes
das masculinas. Como o estabelecimento da hierarquia é inerente à restrição do
espaço físico em que convivem seres humanos, e os homens são muito obedientes a
ela; entre eles ficam mais claras as relações de domínio e submissão, a
estrutura das coalizões e da organização dos grupos na disputa pelo poder.
Embora
nos presídios femininos também ocorra fenômeno semelhante, não se percebe a
mesma linearidade. As relações são mais complexas, porque as detentas operam em rede. Apesar de
muitas vezes dar a impressão contrária, a mulher é, sobretudo, contestadora e
avessa à submissão hierárquica.
O
cotidiano da prisioneira é dominado e pela solidão. Ao ir para a cadeia, é
separada dos filhos, abandonada pelo homem, fica mais pobre ainda, mal cuidada
e ganha peso por causa da dieta e do sedentarismo. Nessas condições, quem quer
saber de uma mulher? Poucas pessoas, a julgar pelo tamanho das filas nos dias
de visita. Com alegações variadas até os familiares mais próximos se afastam. A
mãe visita o filho preso durante anos consecutivos; a filha não merece a mesma
consideração.
A
vida solitária é um convite abuso de drogas ilícitas e aos relacionamentos
homossexuais que amenizam as agruras do cárcere. Impossível saber quantas
mulheres têm namoradas na Penitenciária, mas são centenas.
Ao
ganhar a liberdade, sozinhas, com a folha de antecedentes manchada pelo
aprisionamento, como ganhar o sustento dos filhos, que geralmente são muitos?
Dráuzio Varella
Até a próxima postagem. Fui!
Até a próxima postagem. Fui!
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