Respingos


O gerenciamento capitalista do corpo.
O capitalismo avançado transformou a saúde individual em capital. Somos intimados a gerir esse patrimônio, a sua ininterrupta otimização. Economistas, diretores de recursos humanos, terapeutas de programas de televisão, todos nos ensinam como cuidar de um corpo que já não nos pertence.
Ao redefinir a saúde como obrigação pessoal de prevenção, segundo a lógica hoje dominante de “risco” e de sua imputação individual, as seguradoras, os empresários do setor e a mídia especializada deram credibilidade à idéia-chave de um “dever de saúde” ao qual ousaram desobedecer, às próprias custas, e à custa da coletividade, os fumantes, os bebedores, os que se alimentam mal, os não esportivos e outros depressivos crônicos “que recusam tratamento”. É a eles e somente a eles que devem ser imputadas as debilidades de suas funções vitais – mas também, de quebra, as debilidades da economia nacional, “redistributiva” durante tempo demais, segundo os novos economistas da saúde.  

A ociosidade é tão inútil quanto relógio sem ponteiro.

Caros amigos até a próxima postagem. Fui

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