Drama à Mexicana


Naufrágio, bigodes, loira e morena. O texto “Receita infalível para um drama à mexicana” escrito por Geraldo Galvão Ferras. O texti é hilário. Confira devo ter lido esse texto hilário há mais ou menos uns 10 - anos ou mais. Confira:
"Como toda autora de novela latino-americana que se preze, doña Delia Fiallo é cubana e mora no lado certo da ilha, ou seja, em Miami. Ela escreveu Topázio num curso que deu na Espanha sobre como fazer novela, afirmou “o importante é o relato”. Será? Em A estranha Dama, O retorno da Estranha Chispita, Simplesmente a Fera ou Alcançar uma Estrela com Topázio, as situações e o visual se repetem como el sol busca l aluna.
A mocinha é a loira, a morena é a rival. O galã é o de bigode, o bandido é o de bigode, o vovô é o de bigode, o cachorro é o de bigode. Aquele de termo branco, gravata preta de bolinhas brancas e lencinho preto no bolso da lapela é qualquer um, menos o padre. Que é sem bigode. Da mesma forma que as mocinhas que ostentam sempre maquiagem a mais e o tom errado de batom. Falando nisso o merchandising das empresas de navegação mexicanas é meio incompreensível: toda novela tem um barco ou um navio que afunda. A criança sobrevivente é recolhida por bondosos velhinhos, que morrem. Indo para um orfanato ela é adotada por família rica, apaixona-se pelo rapaz da casa que está prometido para outra – pérfida e esnobe – que não perde a acasião de humilhar a gata borralheira. Mas a vilã tantas faz que a mocinha cai da escada e fica cega. Apesar disso a heroína continua a lavar o chão da mansão dos Guerrero. 
...Na véspera do casamento da bandida com o mocinho (lembre-se, ele é o de bigode), Irmã Piedade intervém e conta para a empregada Maria que os dois não podem se casar porque são irmãos (ela deve saber, pois é mãe dele). A heroína, enquanto isso esfrega o chão e recupera a visão ao cair da escada outra vez, empurrada pela maligna furiosa. Chega à Mansão dos Guerrero um misterioso personagem, um bigodudo bonachão que sofre de amnésia. Ao ver a jovem ajoelhada aos pés de Irmã Piedade ele tem um ataque e rola pelo chão. Acode o rapaz Guerrero que ao encarar um quadro da parede reconhece nele o homem desmaiado: é um rico fazendeiro que, na juventude, ajudou o seu pai a fazer fortuna.
A víbora esconde  um colar nas roupas da desvalida a quem, durante uma reunião de Natal de todos os protagonistas, acusa de ladra. Todos se voltam contra a mocinha que esfregava o chão quando o amnésico entra cambaleando na sala e se dirige a ela, murmurando: minha filinha! Antes da palavra fim, o patriarca dos Guerrero une as mãos do filho e da moça enquanto se ouve Julio Iglesias cantando Por Ella. A vilã sai de cena para ir oxigenar os cabelos e ser a mocinha na novela seguinte, breve em nossas casas: De Cuerpo y Alma.
Gente, será que as nossas novelas também são nesse esquema?...
Queridos amigos tchauuuses. Até a próxima postagem. Fui!

Comentários