As cigarras são simpáticas, alegres, adoráveis, generosas e que ninguém pense em dividir uma conta de bar. Nunca ele vai deixar – é mais forte que eles.
Coisa boa é viajar em companhia de uma cigarra. Além de esbanjarem em compras e presentes – régio – para os amigos, as notas de cem dólares parecem que se multiplica em suas mãos.
Elas usam e abusam dos cartões de crédito, e com tal displicência que se tem – aliás, elas têm a impressão de que a conta nunca vai chagar. Detalhe: se você esqueceu a carteira no hotel, a cigarra te empresta 300 dólares e nunca vai se lembrar de cobrar. Mas quando precisar pedir algum dinheiro a você que seja cem ou 10 mil vai esquecer de pagar – faz parte da personagem.
Ser na vida não tem nada a ver com ser rico ou pobre. É um estado de espírito, uma atitude e o prazer de gastar dinheiro – que tem ou não – até o último centavo.
Como são encantadoras as cigarras. Tudo para elas é fácil. Dão um pré-datado sem pensar duas vezes – aliás, nem duas nem uma – e têm essa qualidade deliciosa que é a ausência total de preocupação. Nunca falam em dinheiro e são convictas de que ele sempre pinta.
Não existe nada mais agradável do que conviver com uma cigarra. Elas são leves, bem-humoradas, alegres, otimistas e acham que no fim tudo dá certo. Quando entrar numa sala e quiser saber quem é cigarra e quem é formiga basta procurar quem não tem vinco entre as sobrancelhas. Cigarras não franzem a testa jamais.
Já as formigas passam a vida pensando no futuro, se vai ter um teto para morar quando ficarem velhas, de que vai viver e por aí vai. O grande sonho da formiga é o da casa própria, e uma vez o teto comprado – e integralmente pago – começa a pensar no dos outros: o dos filhos, o dos netos, o dos amigos.
Uma formiga não joga nada fora, nem comida ela deixa no prato – não pode com tanta gente passando fome.
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