Interior da Igreja Matriz São José de Cerquilho
Fotos de Fábio Marson
Céus! Quanta saudade tenho da
aurora da minha vida. Quem é que não comeu terra enquanto criança, não botou
lombriga pra fora, destruiu cupim para ver o que tinha dentro e seguiu as
formigas para ver aonde iam, misturou açúcar com sal no armazém, furtou garrafa
de guaraná e depois urinou dentro botando no lugar para o pai não descobrir, urinou
na cama, brincou de pega pega, matou passarinho com estilingue (hoje nem
pensar!), teve catapora, sarampo, caxumba, correu de boi brabo, caiu de árvore,
contou estrela no céu e ficou com verrugas nos dedos, pegou carona na rabeira do caminhão, fez do
travesseiro o corpo da professora, fumou cigarro de chuchu, apanhou bicho-do-pé,
armou arapuca no mato, jogou futebol com bola de meia, fez flauta com canudo de
bambu, colocou o ouvido no trilho para anunciar aos coleguinhas que um trem
estava chegando, quem não subiu em árvore subiu e desceu barrando para ver o
trem passar, Quem não apanhou da mãe, por ficar horas brincando no riacho...
Quem é que não foi na venda do seu Fulano e
mandar marcar na caderneta a lápis duas barras de sabão em pedra, uma caixa de
anil, uma palha de aço, um saquinho der Bombril, uma lata de cera parquetina,
Pinho Sol, latinha de neocid, caixa de fósforos, pacote de vela, lampião,
lamparina, querosene...
Quem tem saudade do circo do Piranha, Robatini, globo
da morte, trapezistas, malabaristas, mágicos, palhaços, cachorro de sainha... Ah!
Que saudade tenho da aurora da minha vida!
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